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Pedra do Ouro


Um ano depois...
O tempo passa, ou nem por isso...
Uns sentimentos perdem-se outros ganham-se... como uma onda, na sua finita caminhada em direcção à praia.
Um ano depois...
O tempo passa a correr, umas coisas ficam...outras não.
Ficam vozes, olhares, odores, sabores, sons...como se uma parte não volátil de cada pedaço de mim, se mantivesse teimosamente ali...guardada num neurónio saltitante, impossível de apagar, em plena era informática.
Um ano depois...
Revejo tudo de novo...porque me apetece...porque tive vontade...
Os olhos, a mão, o beijo... e tudo o resto, principalmente tudo o resto.
Porque se calhar gostava de ter descoberto a máquina do tempo e não o ter deixado passar por ali.
Um ano depois...
A mesma areia fina... a mesma sombra da cadeira alta...deitei-me na areia... mas o céu não estava estrelado...como na última vez...nem tinha ouvinte para...o contar das estrelas... que o olhar reflectia.
Um ano depois...
Fiquei ali...um momento...uma hora...e adormeci...
Acordei quase com a certeza que nunca ali tinha estado...
Um ano depois...
Deixei na areia uma semente do passado...quem sabe...um dia, uma chuva de Julho a faça brotar...para agrado de por quem lá passe...olhe uma estrela rasgando o céu, formule um desejo, e dessa vez se realize...
Um ano depois...
Lembrei-me que na tal noite, a lua não estava lá...talvez por isso, o desejo não tenha acontecido.
Subi as escadas, entrei no carro e lá em cima, na estrada grande, deixei o luto na tabuleta indicadora... voltei desta vez à direita... e mudei de rumo.


1 comentários:

Anónimo disse...

Tenho lido os teus textos desde o Euro até agora, uma vez por outra lá vou espreitar se já lá estará outro.

De modo geral são muito agradáveis de ler, leves e sempre a divagar sobre algo da actualidade, pensamentos soltos, lugares, pessoas enfim quase tudo o que se vê, fala ou comenta excepto o último “Pedra de ouro”.

Este sim, diferente com uma conotação extremamente pessoal mas ao mesmo tempo um reflexo de quem quer viver feliz. Hoje, já fui n vezes ao site e reli n vezes também, de cada vez que o fiz as lágrimas ficaram sempre ao canto dos olhos, era como se lê-se um momento que era meu, em tempo diferente, em local diferente mas com o sentimento quase igual, como te disse durante a hora de almoço “infelizmente inesquecível”. Está descrito de uma maneira muito bonita, suave, triste e com vontade de deixa-lo no passado. Será que é possível? De uma forma tão simples?, a maré vai e vem!.

Não me quero estender mais, acho que chega por hoje, se tivesse mais tempo, alteraria tudo e era capaz de escrever infindáveis páginas.