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Lapso de tempo


Hoje acordei, como todos os dias, que espero continuem rotineiramente desta forma por muitos anos.
O relógio marcava 6,30 h, achei que ainda era cedo apesar de o corpinho, dizer que para uma noite de sono já chegava. Voltei a adormecer, quase contrariado, mas francamente, de férias, levantar-me a esta hora só quando for reformado. Para ir dar milho aos pombos e fazer todas aquelas coisas que só são importantes e inadiáveis nessa futura idade, ou seja dentro de umas duas décadas e meia.
Os olhos fecharam-se de novo, para se abrirem algum tempo depois. Voltei a olhar o relógio e fiquei com a sensação de ter viajado no tempo, talvez por um buraco negro escondido neste universo em que nos perdemos na implosão do tempo, 6,30 h.
Achei que havia alguma coisa que não estava bem. O relógio não tinha pilha, ou eu estava a passar-me para o outro lado, isso mesmo.
Mas afinal era mesmo a primeira hipótese falta de pilha.
Que bom que é podermos ter alternativas, mais relógios, no télémóvel, nos gravadores de vídeo, nos leitores de dvd, no pêndulo secular, e até no velho despertador coitado, fechado numa gaveta por causa do seu "tic tac" stressante no silêncio do mundo mais próximo da minha lua.
Eram 9,30 h, acordei finalmente, como se tivesse dormido num lapso de tempo, roubado a nenhures.
Levantei-me, abri a janela, respirei fundo, perante o olhar curioso do gato habitual no telhado em frente que se delícia com algumas guloseimas que lhe envio de tempos a tempos.
Outro dia de calor, outro sorriso do astro Sol, e aquele azul que até trás cheiro nesta época em que as manhãs me parecem ser o que de melhor o mundo tem.

Só isto? Perguntas tu...
É verdade, só isto... e há lá coisa melhor que um acordar assim, respirar a vida que se nos oferece a qualquer hora, sem imposto, nem pedir nada em troca.

Respirei fundo... voei por uns momentos... e aterrei devagarinho.

Bom dia

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