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S. Martinho - um abraço à baía


As tímidas ondas da baía terminavam o seu ciclo de vida ali tão perto...
Os putos brincam aos castelos de areia, sem pressa, nem explicação, apenas...porque sim...
O cheiro a coco sobrevoa a distância que separa o meu nariz e uma...madame... de chapéu largo e descaído peito ao léu...
O barulho das bolas de borracha em conflito com a raquetes...
Um télémóvel a tocar de 3 em 3 minutos...
Um acelera julgando-se Neptuno teima em poluir dois elementos de uma vez só com um jet verde alface, que vomita ondas, maiores que as primeiras...
Duas pseudo chiques falam de roupas, de férias, de maridos enganados, de óculos de Sol...mas nada do último modelo de aparelhos auditivos...bem precisam...
Na esplanada o barulho de copos, de gelados, de tremoços, de sedes, de fomes, de compra ou não compra...
Uma gaja de laranja que bebe um sumo de laranja nos intervalos de mais uma camada de verniz laranja numa das unhas dos pés...
Que momento estranho quando se fecha os olhos e se compara as imagens aos sons...o vento tem outra cor... começa a soprar... abro de novo os olhos com um barulho de folhas de papel em alvoroço...o governo, o governo, o governo, os incêndios, o futebol, meia dúzia de outras merdas para encher e dar trabalho a jornalistas de recibo verde, a meteorologia de previsão falível, os horóscopos, o cheiro a tinta e as dedadas de creme protector...levanto-me... ofereço o que restava ao saco de plástico mais próximo..."MANTENHA A PRAIA LIMPA", diz ele a letras garrafais especialmente concebidas para os míopes veraneantes...
Como é que mesmo que todos seguissem o exemplo do iletrado "LIXO", se podia por tanta merda num só caixote?...mesmo depois de reciclada...
Vou ao banho com vontade de lá ficar até irem todos para casa...ou então fico mesmo por lá até ao abraço à baía.

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