Páginas

Planície

Quero um dia despedir-me da cidade num breve, até já, que vou procurar um canto rústico e alpendrado que se demarque em altura do resto da planície, com vista para o pôr do sol.
Quero ficar a roubar todos os acasos que os olhos deixarem.
Quero fixar a máquina a um tripé e fazê-la disparar-se imóvel...onde só o tempo se muda.
Quero um chá de infusão colhido na altura, em chaleira sibilante, agarrar a chávena com as duas mãos e bebê-lo da forma mais demorada que o Alentejo me deixar.
Quero uma sebenta pautada de tempo para lhe confessar a pressa que tive em tocá-la.
Quero o cheiro do pão grande que perdura.
Quero a água fria de poço a acordar-me para um novo dia.
Quero querer-me até à vontade do desquerer...num pôr do sol assim... em canto alentejano que me espera... tão distantemente perto...


                                             Foto: Inês Sotto

Desinquietante



Descobri hoje que tenho outro heterónimo. Este, acordou-me a meio da noite... beliscou-me tanto e com tanta violência, que acordei com o ombro direito assimétrico do outro. Disse-me que se assumia como heterónimo de personalidade própria e contou-me da sua soberania sobre mim, em sonhos ou acordado. Contou-me ter a "Chave Dimensional", mas para nunca me convencer que de alguma forma o conseguiria mudar. Teria que aceitar como verdade irracional e só desta forma, banalizando a utópica  e redutora premissa das quatro verdades. Para ele, a filosofia, epistemologia,lógica e a metafísica são apenas uma percepção básica das impressões sensoriais. Pensei na hipótese da loucura a invadir-me, mas tranquilizou-me com um afago no ombro esquerdo apesar de ter preferido no outro, barbaramente beliscado. Quis provar-me que se escolhe heterónimo onde quer e assumir qualquer forma. Uma delas a mão que segurava o pé esquerdo no "Sonho Causado Pelo Voo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar" e que Dali, que era sonâmbulo, conseguiu contrariar. Por isso no esboço inicial a mulher tem a perna esquerda esticada e a mão aparece  a tocá-la. 
Perguntou-me se era sonâmbulo e decidiu ficar.
A semana começa bem...e o meu ombro sem vestígios visíveis de beliscos...mas ainda dorido ao segundo acordar. 
Temo o pior...

Equilíbrio ébrio


Quando se conduz, melhor dizendo quando conduzo, só os olhos e as mãos me conduzem. Desentendi-me desde cedo, creio mesmo que ainda na idade "90",  no meu "dentro filosófico" com quem não sente a estrada a ponto de deixar a rota pneumática, sair do eixo ideal, corrigindo-a em golpes quase marciais. E gosto que me conduzam se sinto reciproco nesse estado... e a expressão provoca-me abrandar... sem stop obrigatório... a não ser o de me dar conta talvez do sinal acomodante, de primeiro sintoma conformista, notado, o primeiro passo testemunha, de condutor a caminho de pendura.
Começo a gostar a cada dia de me sentir conduzido, de me sentar do lado direito e de forma egoísta mas assumida me deixar levar por cada múltiplo momento preliminar em  filme de viagem, seja perto, ou no longe quilométrico.


Numa estrada de verão aonde dificilmente voltarei, passou-se-me numa fracção de momento, dos tais em que adoraria estar do lado direito, para absorver todo o cenário merecido:
Estrada secundária, talvez a primeira com direito a inauguração protocolar, tesoura, fita, presidente da junta, foguetes e fanfarra no primeiro sinal visível da chegada do alcatrão... que as décadas ajudaram a tornar grisalho e cariado: 
A passos curtos gesticulando-se com a vida entre mãos, tentando vencê-la no equilíbrio derrotado ao primeiro copo, avançava acompanhado pelas palavras ou talvez parte delas que se soltavam dos lábios a cada outro pisar de terra naquela berma incerta. Camisa desfraldada, marca de sol e camisola cavada, cabelo escuro despenteadamente suado noutra tarde quente de taberna de aldeia, onde se procura num canto de sombra tinta. O vento fugiu-se-lhe há muito para longe, talvez feito passageiro clandestino numa viagem de ida em sonho emigrante. E ele naquela batalha ébria de fugir-se para casa, a caminho do jantar que o instinto também sabia de cor e a direcção interior sempre apontava. Pela ausência de casas num par de quilómetros, não estaria próximo.
E cruzámo-nos a velocidades diferentes...
Os metros chegaram a mil, mais à frente na estrada...e lá estava ela, a taberna supermercado que também vende gás e sonhos esquecimento de motes variados à la carte. Debaixo de uma amostra de alpendre de telhas velhas estava uma fatia de tronco de árvore e uma mesa de madeira resistente...era ali que ele se sentava...tive a certeza.
E revejo-o na imagem de mil metros atrás, pelo espelho retrovisor que nos via afastar. Ele de costas, a parar-se de passos em equilíbrio descontrolado e levantar no braço esquerdo o peso da mão caída, como a desejar-me boa viagem... para ele perigosamente incerta... a dele, próxima ...e seguramente controlada.

  


De "costas" para o Majestic


Sempre que o Porto passa por mim, o Majestic é um destino matinal de quase culto.
E fui de novo atendido pela mesma menina simpática de cabelo escuro, óculos e rabo de cavalo:
- Faça favor de dizer ( sem sotaque).
- Uma torrada com muita manteiga , um néctar de pêra e um pastel de nata ( com sotaque, deve ela ter pensado).
Os chineses perdiam-se em cliques pela fachada, o companheiro de uma alemã sugeria que ela se pusesse na melhor pose para a foto com o café em fundo, um lavador de janelas a caminho cumprimentava toda a gente com um sorriso de homem mais feliz do mundo que faz brilhar os reflexos de quem vê montras, algumas vendedoras de rua assediavam passantes internacionais, e o resto era burburinho comum daquela hora.
Um polegar no ar sugere-me o olhar do outro lado da rua que o sol iluminava. Sigo-lhe o trilho pelo braço até ao sorriso. Começa a caminhada a passos largos na minha direcção. Creio mesmo que a cada passo o sorriso se rasgava. E nunca conseguiria travar a tempo se continuasse naquele acelerar  direito a mim. Mas as cadeiras eram de ferro forjado o que me deu alguma segurança, bem como os bancos corridos do mesmo material confiante. Nem me lembro se bloqueou os passos ali à "minha beira".
- Tás bom mano? Há quanto tempo car...( sempre com sotaque)
Fiquei a ohar para ele sem saber se de frente ou de lado.
Tira os óculos para me ver melhor.
- Sou o Lúcio mano. Não te lembras? Eu não esqueço o Nelo das Fontainhas, nem em mil anos mano.
- Acho que me estás a confundir com outra pessoa.
- Mas qual outra pessoa és tu que eu conheço-te. Fomos vizinhos em costas...fo....
- Em costas???
- Andaste com a amnésica tu? Moraste lá meio custado e eu dois.
Para me pedir alguma coisa percebi que não era. Mas a conversa deixa-me curioso.
- Meio custado?
Depois de um sorriso desconfiado de sobrolho franzido diz-me:
- Tás-ma fo... Em Costas mano. Não me digas que te perdeste.
- Mas olha que não sou eu.
Olha-me mais fixamente e diz que não com a cabeça em jeito conclusivo.
- Pardeste-te  mano. Tou-ta ver. O Chias também se perdeu. Por isso nunca meti. Mas olha gostei de te ver. Acredita.
E dá-me umas palmadas afectuosas no ombro ao levantar-se.
- Mas olha que não sou mesmo eu pá.
Ri com ar de quem está a ser enganado e diz-me já de pé a por de novo os óculos.
- Deves ser cantor tu, pois deves.
A afasta-se a passo lento, decepcionado.
Voltei ao cenário com o pousar da torrada trazido pela menina do café.

Gostei de te rever hoje depois de todo este tempo...muito.
 
Vi-te uma vez a caminho da porta maior da eternidade prometida ... chamei-te, mas fingiste não me ouvir. Não insisti...conheço-te por inteiro. Nem o grito te mudaria a rota, quando te sei num caminho sortilégicamente poeirento, em que caminhas com o braço dobrado a proteger-te os olhos da tempestade de areia que te cegava... sugando-te.
 Fiquei sempre por perto, a cada esquina, perto do teu ombro para te agarrar antes da queda evidente, protegendo-me o olhar do pó...protegendo-te.Conhecia-lhe o desencanto desde a primeira brisa mas deixei-te chegar até à última metade do teu passo antes da falésia.Agarrei-te pelo ombro antes do fogo...e "acordaste"...do teu pesadelo pensado sonho.Tens a cara cheia de pó...rugas de deserto...cresceu-te a barba, mas vejo-te um sorriso de quem acorda com vontade de um banho de água da chuva...
 
Gostei de te rever hoje... ao espelho.

"When you are with me
I'm free...I'm careless...I believe
Above all the others we'll fly"


Sabores da memória

 
                                                          Foto:  Mika

Aquela praia da Caparica a que chamavam "Bexiga" era um dos meus poisos preferidos nos 80's. "Cantantes" de pilhas grandes, sugadas pelo volume máximo que os botões permitiam. E óculos de sol espelhados e volei e betinhos e futebol de praia e punks e skimys a cortar outra onda e surfistas e...ele ali a fazer-me num ápice recordar gigas de património emocional daquele tempo. Eu ao mesmo deste tempo a procurar forma de o fotografar e o sinal a passar a verde e as buzinas a atropelarem-me a vontade. Tinha perdido a oportunidade de o ter em imagem para um post que me faria sorrir.
Até que num dia de chuva ao passar de novo por lá, sem esperança de o voltar a encontrar...ele lá estava, no mesmo sinal da Praça de Espanha a vender sonhos de trincar. Tantos anos depois...

Lembro-me dele... lenço na cabeça, daqueles aos quadrados usados para assoar e com um nó em cada ponta. O suor a mostrar-se a cada novo passo de outros tantos sem conta a cada dia de sol que tratava por tu. Os dentes brancos, de homem transmontano ou minhoto, e aquele olhar verde claro que se notava quando passava por perto.  
A caixa era de folha, quase maior que o seu tronco franzino, pintada de bege com uma janela em plástico para mostrar provocadoramente, sonhos de baunilha estaladiça cuidadosamente fechados com uma tampa piramidal e uma cabeça de roberto de olhos enormes na ponta:
- Barquilhooooooooooooooooos...
Gritava a plenos pulmões no seu andar matinal decidido. Muitos chamavam-no ao longe mas depois escondiam-se, numa brincadeira de adolescentes a quem me apetecia puxar as orelhas. Mas ele nunca desanimava. Uma vez na caminhada desde a beira de água até ao cimo da areia mais escaldante para atender um cliente, uma miudinha estendeu-lhe o dedo e voltou-se para a mãe em jeito de pedido, mas negado em sinal secreto porque a carteira estaria apenas cheia de sonhos de um dia inteiro na praia. Ele reparou... viu-se talvez menino sem poder trincar tamanho sonho ali tão próximo da ponta daquele dedo, num segundo caído na areia e deu-lhe um pacote inteiro com quatro barquilhos.
Nunca o vi molhar mais que os pés, naquela maratona diária que hoje relembro. Nem de refrescar-se num gole de água. Acho que se retemperava naquele caminhar desajeitado pelo carrego às costas, na intenção de arredondar os bolsos de uma vida feita a passos curtos, vendendo sonhos de boca.
Quando a jorna fora menos boa saldava os restantes com uma técnica de marketing futurista para a época. Punha a caixa no chão e começava a correr pela praia com o pacote na mão do braço levantado. Dizendo com voz cantada que não levava nada para casa. Aquele era para o primeiro que lhe desse uma moeda. E assim vendia quase tudo num sorriso. Sempre o vi sorrir da mesma forma, de manhã até ao quase ocaso.
Nunca duvidei que tivesse com o sol um ajuste, em que dividia as sobras do negócio em troca de protecção ultravioleta. Talvez no final do dia se encontrassem perto da Adiça, à hora da praia deserta. E sentados, com os pés na praia-mar trocassem a conversa habitual, misturando em dentadas barulhentas de boca aberta o prazer da baunilha estaladiça. Antes da noite chegar, despediam-se com um até amanhã de boca cheia... a conversa era de homens e a lua não tinha nada que os ver por ali.

Entre esfera e círculo... prefiro-me ponto...final.


___________________________Entre esfera e círculo ...

vieste pela boca como peixe que se morre  a cada anzol...
disseste-te estrela ...
hoje sei-te apenas reflexo do brilho próprio que desejaste...
um dia tropeça-te de novo o pé nesse teu chão de nuvens...
e estilhaças-te em pedaços num estrondo de silêncio...

uma das cores safira te chamaste...
conheço-te hoje o verdadeiro nome...
de imensidão "cavernosa" e densamente sombria...
és apenas "Falso Cristal"...

___________________________prefiro-me ponto...final.

Lua crescente... de Março

Falaste-me de sonho...de Lua crescente na vontade deste Março...

dou-to num todo "quase nada" de C ... de Cabrel.


Excertos de Março

                                                                                     Foto: Mika (tlm)

A previsão do tempo não bateu certo. E o sábado finava-se com um entardecer convidativo a imprevisibilidades.
Fui comer um crepe de chocolate com chantilly, caramelo e nozes. A menina dos crepes deixou queimar o primeiro. Esqueceu-se e por engano pôs gelado de baunilha no segundo . O terceiro sairia quase perfeito não fosse o rasgo acidental ao dobrar. Ela corou olhando-me de lado. Eu disse-lhe que não tinha importância. Assegurei-lhe num sorriso que não pediria o livre de reclamações em troco de mais umas nozes e outros tantos riachos de caramelo se ela o conseguisse de forma clandestina. Descobri-lhe de novo o tal sorriso pré-crepe. Entregou-me o prato na mão , quase descompensado pelo peso das nozes e caramelo extra. E ofereceu-me o mais doce dos seus sorrisos em jeito de desculpa.
Seria uma das últimas partes doces do dia.
Perto de uma rotunda apinhada de condutores de fim de semana, um deles decidiu impressionar a loura dos óculos astronáuticos sentada ao lado e encostou-me ao meio da rotunda, num chiar de pneus comum a qualquer saxotuner de escape sibilante, com electrohouse a sair-lhe pelas narinas. Não gostei, mas o sabor do crepe adoçou-me a razão e o pé direito. Atrasei por defeito a saída da rotunda, que por mero acaso é uma das minhas preferidas, quando tenho só por testemunha a Lua já bocejante.
Saí da rotunda depois de cruzar três faixas por causa do menino tuner fora de mão.
Claro que naquele preciso instante um outro "tuner" mais comedido me chamou pelo numero da matricula ao megafone da viatura e me sugeriu que encostasse. Fiquei a conhecer a sensação de me tratarem pelo numero da matricula do carro...mas ainda tinha o sabor do crepe. Passados alguns minutos e uma infracção do artigo 35 - 1º do código da estrada a valer 120 euros, voltei à minha rota desejada já sem o sabor do crepe e a contabilizar quantos teria comido se tivesse entrado na rotunda uns segundos depois...30 crepes.
O Speakeasy estava com um beat fantástico(Wat), mas o consenso ditou por maioria outro destino e lá fomos em excursão meia dúzia. Tinha decidido depois do crepe abster-me de qualquer outra decisão de monta nas próximas horas. As escadas do Plateau estavam populadas de sábado à noite. A música trouxe-me quase o sabor do crepe, não fosse o fumo e teria sido perfeito.
"Enter Sandman" mexeu-me o último gole, a acordar-me fora de horas para a hora de noite por dormir, dei os bons dias a Lisboa que despertava suave.
Ao chegar ao carro vi o retrovisor desfeito possivelmente com um pontapé alcoólico ou derivado. E vão duas mazelas graves no meu rodinhas, a última tinha sido numa porta... também não fui eu.
Não me apetece mais nenhum crepe...só um clic sobre a ponte, para eternizar esta aurora com o bizar dos Metallica ... duche quentinho e cama.

"Hush little baby, don't say a word,
And never mind that noise you heard
It's just the beast under your bed,
In your closet, in your head

Exit, light,
Enter, night
Grain of sand
Exit, light,
Enter, night
Take my hand,
We're off to never never land."

Dá-me os teus olhos ...e veste-te de negro luz...



Dá-me os teus olhos...e vem passear de braço dado pela rua das mil cores, dos mil cheiros, dos mil sons...das mil luzes.
Vem em silêncio.. a passos curtos...vem sempre em frente ou pelas tuas esquinas que nunca dobraste. Vem até ouvires a concertina vermelha do cego, sentado num caixote de madeira acabada, naquela esquina de Barbés. Segue-lhe o som...segue-lhe a sorte...segue-lhe a vontade de ter o mundo a cada diatónica, na ponta dos dedos que nunca viu.

...dá-lhe os teus olhos... e veste-te de negro luz.

Era uma vez...

Na espiral, entre percepção e memória...    



... cumpro o ritual adiado, colocando-as em Lemniscata.


                                                                                                                     

Nickel...back...again



O quarto estava por um fio... azuladamente penumbrado. Na rádio dos mil sons ouvi-a de novo...não resisti a desbocar-me...o tema é simplesmente "Excelente" ... ( isto deu-me para a assonância)

Xadrez

     
                                         Foto: Mika
                             


Voltas para o perto deste lado
Queres, a dizer-me baixinho, que te agarre
Como se nunca tivesses fugido
Como se nunca te tivesses trocado por nada

Trazes desta vez um sorriso dobrado
Que observo por trás do teu andar indeciso
Queres voltar a ser aquilo que decidiste perdido
Quando te roubaste tempo e o deixaste morto

Fizeste o que mais te convinha
O que o teu impulso "novo" te segredou
Sem sequer pestanejar, igual ao resto do todo
Baptizaste-te de ética, de verdade, de convicção, de exclusividade
E no voltar caem-te por entre os dedos, todos os apelidos ao chão
Trazes-me sabores de mar sempre nos passeios de deserto
Que dizes de nós, diferente, a cada grão de areia
A cada gota de oceano provado a emiscuir-se no escuro

Pareces-me afinal pouco do teu todo que contas
Dizes que tudo podes, em qualquer tempo que a gramática inventou
Mas quando conjugas o verbo no Eu, nada cabe na primeira pessoa
Só a ti te importas só a ti te validas o perdão
E quando hipoteticamente mudamos o jogo
Mostras prontamente que só sabes jogar do lado que te convém
Porque só nele sabes poder ganhar.

Tudo te podes, tudo te permites, mas...
Ao jogares do outro lado do tabuleiro não resistirias, como assumes, à insuportabilidade do cheque mate.

Intervalos vários...




Nesse intervalo a minha companhia saiu com objectivo nicotinico e nem reparou no ecran. Eu também não...assim de repente, aposto o meu porquinho mealheiro que tu também não repararias.
Os olhos passearam-se por todas as opções disponíveis da sala até restar a última...

"INTERVALO
                  Segure-a bem, descontraia-se."   

Será que foi uma ilusão partilhada pelo meu aprisionador de momentos de bolso? Ou também já viste num intervalo perto de ti?
Pensei provavelmente o mesmo que tu... já agora comenta! O que pensarias, na cadeira do cinema, ao leres o mesmo que eu li?
Sim sim tu que estás aí com o nariz pertinho frente ao teu monitor catódico ou LCD... vá lá confessa o que pensarias...desafio-te.




Ary... a quatro vozes

25 anos depois de Ary... " a distância é bastante"...para se voltar a falar dele, para quatro mulheres lhe voltarem a dar voz em jeito de tributo ao " poeta de combate".
"Rua da Saudade" é o nome de outros quatro : Mafalda Arnauth, Luanda Cozetti, Viviane e Susana Félix. Fico á espera do concerto...













A primeira "semente" do ano par



Como fã de uma das melhoras bandas dos 80's , "Jafumega", partilho o meu tema preferido da playlist  de janeiro que vos proponho. "Uma semente" - Luis Portugal...uma letra com acordes simples e fantástica... Vou tentar arranjar a versão original. Até lá fica esta para ir saboreando...assim devagarinho,  ao ritmo de semente de canteiro...


Se houvesse uma semente
Que eu pudesse semear
Eu fazia um canteiro
No melhor do meu jardim
Protegia-o da geada
Dava-lhe o sol a beijar
Tratava do meu canteiro
Como se fosse de mim

E se a flor tivesse as cores
E os reflexos da tua voz
Se tivesse o mesmo cheiro
E o porte que já te vi
Acreditas que eu teria
Plantada no meu jardim
Pintada na minha alma
Se não te posso ter a ti

Se houvesse uma semente
Que eu pudesse semear
Eu fazia um canteiro
No melhor do meu jardim
Protegia-o da geada
Dava-lhe o sol a beijar
Tratava do meu canteiro
Como se fosse de mim

E se a flor tivesse as cores
E os reflexos da tua voz
Se tivesse o mesmo cheiro
E o porte que já te vi
Acreditas que eu teria
Plantada no meu jardim
Pintada na minha alma
Se não te posso ter a ti

2010... O ano par...!?





 O Tejo é um desbocado. Aquela amplitude térmica da frente rio deixa-o baralhado nas posturas opinantes de sábio observador...de musas coloridas, velhos do restelo, passantes sem história e barcos com destino certo, outros nem por isso... sinto-me iniciático ainda, ao lê-lo nas entrelinhas, mas o champanhe de reveillon traiu-lhe as voltas às portas do ano par.  E creio ter-lhe entendido o desejo não dito.
2010...conta-me histórias

Playlist Dezembro 2009