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Madrugada



Acordei com uma banda a passar tocando cravos em notas de fanfarra, como em todos os outros anos, comemorando uma madrugada distante, apenas no tempo.
Não me lembro da última vez que estive na manif de punho levantado. Mas lembro-me de quem não se deixou obrigar a impedir o gesto .
Não me importo que a história contada se deturpe de boca em boca até se pintar de sentido diferente a cada ritmo do saber ignorante. Mas gosto de saber que o caminho se iniciou muito lá atrás por gente com vontade de mudança.
Não aponto o dedo a quem se desilude e diz à boca alta, porque ouviu dizer, que o antes devia voltar a ser hoje. Mas quem sente que conta, importa-se, nem que seja participando em cruz no momento certo.
Não tenho vontade de sorrir quando na minha memória ainda entra gente que entrava sem convite e batia depois. Mas ofereço o sorriso a quem tornou esse tempo apenas memória.
Não saberei nunca quantos foram. Mas lembro-me que eram todos os que lá estavam, mais os outros que não quiseram estar e outros ainda que apressadamente voltaram costas.
Hoje, há quem ainda esteja, os que estão sem estar, os outros que nunca estarão e os últimos que não sabem sequer quem são.
Neste dia e noutros momentos de tempo, sinto a Primavera no cheiro do cravo vermelho nascido de madrugada.
A todos os que caíram durante a vontade de me/nos permitir também e sem receio esse gesto pleno de intenção, ergo o punho fechado em sorriso aberto.


(25 de Abril 2011)

Entre o grande e o pequeno passo, há sempre alguém que tropeça.

Há meio século o camarada Yuri foi o primeiro homem a visitar o espaço, essa dimensão desconhecida na época.
Estou desde há uns dias a maltratar os olhinhos no pó das profecias de Nostradamus tentando encontrar semelhanças na coincidência aparente de também hoje o FMI começar a viajar no  nosso éter que já teve um convite apelativo..." Conheça o Portugal desconhecido". Não sei se o "camarada astronauta chefe" Paul Thomson receia finar-se sete anos depois da viagem como aconteceu com o pioneiro Yuri, mas coincidências já as vejo...e Michel continua mudo em profecias, que raiva...28 anos depois de cá ter estado o FMI volta e ainda não ouvi ninguém dizer-lhe que está perdoado... 28 anos foi também o tempo dos anos negros da "dita dura" a verdadeira antítese de tudo que pode fazer sorrir. E há também hoje outra coincidência que só pode ter a ver com isto. O YouTube faz cinco anos e a frase "broadcast yourself" faz-me tremer como varinha verde...sobretudo porque não vamos ter falta de água nos próximos anos. As barragens estão cheias e há por aí gente de lá, a mais, com tanta sede por matar. Cada vez que o mote se me embrenha fico com a boca mais seca.
Assim como assim, vou voltar a por os olhinhos nos canhanhos do Michel...tenho que encontrar, tenho que encontrar explicação, tenho que encontrar...


PS - Hoje não respondo a ninguém e agradeço que nenhum dotado em vidência se evidencie ou me contacte por telepatia ou qualquer outro meio assediante... 


adiante....