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Um bruxo chamado Carvalho



O Sr. CGTP tem, é sabido, muitos atributos, muitas qualidades e defeitos, mas a estratégia governativa portuguesa revelou-lhe um novo dom. Não daqueles de sangue azul e letra maíuscula, porque, ao que parece, ainda não é desta que a monarquia se instaura,…o camarada Carvalho revelou ao mundo o dom da premeditação…da futurologia, do tarot sindical, da bola de cristal da Marinha Grande, o Carvalho afinal é um bruxo, e proletário… que eu saiba até agora os bruxos não tinham ideologia política…mas os tempos mudam, até na transcendental dimensão deste e de outros mundos.
À saída de uma das várias reuniões do ministro com as centrais sindicais o camarada Carvalho respondia à pergunta da jornalista dando a sua opinião sobre as conversações dizendo:
-Eu não sei que garantias é que o senhor ministro pode dar aos trabalhadores se ele próprio não sabe se amanhã ainda
vai estar no governo.
E algumas horas depois desta afirmação Sampaio dissolvia a assembleia.
Perante o facto, que passou despercebido a toda a comunicação social, partidos políticos e população, deve haver por aí muito boa gente, do marketing, caçadores de cabeças e afins a querer perceber afinal quem é este homem e o que é que o faz correr, há vários anos, o país de norte a sul, pregando a sua doutrina e defendendo os trabalhadores. Quem é este homem que, ao que se sabe nunca reivindicou para ele nada mais que um parco salário de sindicalista, perguntam-se os curiosos afastados destas lides de reuniões fora de horário laboral e cheias de genica militante. E por falar em militante…o congresso do partido mais antigo em Portugal se se tivesse realizado uma semana depois teria certamente um secretário geral chamado Carvalho.
Este homem é bruxo digo eu, e tem futuro, porque mais que prever cenários de politica laboral e desfechos de conversações revelou-se seguidor de Nostradamus.
Clubes de futebol…Partidos políticos…Empresários desportivos…Mercado do trabalho em geral…contratem este homem porque ele ainda tem uma cotação baixa e de certeza que o seu passe vai ter um peso de ouro dentro de muito pouco tempo…é que ele, é um iluminado

Património



Eu nunca tive nada contra os meus profs e profas…- porque hoje em dia estamos a adoptar a citação personalizada…eu que achava que os franceses ao dizerem “cidadãos e cidadãs”, “caros amigos e amigas”, “bom dia a todos e a todas” era uma perfeita pirosice, agora a prática institucionalizou-se e até o nosso primeiro já o diz…enfim adiante - até porque os profs que tive sempre foram bué de fixes, a começar pelo da primária que ainda me lembro, tinha regularmente um jornal clandestino dentro da pasta que punha metodicamente ao lado da cadeira de madeira rangente. Só anos mais tarde percebi porque é que um dia, em que ele não tinha o dito jornal entraram uns senhores ditos inspectores que vieram ver se os nossos cadernos e o do prof, estavam em ordem, só me lembro disso porque tinham um ar de “man’s in black” altamente.
Foram 4 anos de bons princípios e uma preparação excelente. Aquela sala 9 da Escola Conde Ferreira foi sempre assim e eu fui a terceira geração da família a estudar lá. Ainda existe e ainda bem, só que a cal deu lugar a tintas mais modernas e sem cheiro, para não falar no alcatrão que tapou para a posteridade a calçada de ardósia irregular, motivo de muitos dentes partidos e de infindáveis desenhos abstratos a giz…lembro-me que uma vez quisemos bater o recorde de, durante um intervalo, fazer um autêntico tabuleiro de xadrez pedra sim pedra não, a giz…mas a tentativa não deu em guiness.
Depois os únicos “pequenos” problemas com o corpo docente foram só alguns anos mais tarde quando um professor de matemática insistia para que eu me penteasse antes de entrar na aula, e eu resolvi o problema com um elástico no cabelo, um dia fui ao gabinete do director – o colégio era diocesano e estava tudo dito – ele tentou convencer-me de que eu não era uma menina para ter um rabo de cavalo com elástico…e que ninguém na escola tinha o cabelo tão comprido.Passados alguns meses já havia uma dúzia de “meninos” a ter rabo de cavalo de menina...
Outro incidente de percurso foi com uma professora de francês, muito competente reconheço, mas que nunca foi com a minha cara, e por vezes quando entrava na aula tinha a sensação que não valia a pena fechar sequer a porta, porque dali a pouco estava a sair prematuramente da aula, foi de resto o que aconteceu muitas vezes:
A juntar a isto e fora os problemas normais de todos os alunos (ah e alunas), tive um período escolar sem sobressaltos, e até me tornei amigo do director, uma vez que as visitas se tornaram frequentes…um padre que tocava harmónica e gostava de blues não era todos os dias que se podia ver e ouvir a fazer jams com o grupinho caloiro que tocava 3 acordes tipo Ramones ao fundo do pátio, para impressionar as chavalas e uma professora de filosofia. Claro que o cabelo comprido completava o status.
Os vinils mais trocados para gravar em cassete eram : “The wall”, “Comes alive”, “The dark side of the moon”, “The crime of the century”,com o movimento do “rock português” a aparecer pouco tempo depois. O núcleo musicalmente duro do colégio trocava também outros géneros como Purple, Zep, Sabbath, Motorhead e outros harders dessa onda….
Depois tudo passou tão depressa e reparei que tinham passado três décadas, e eu ali, a olhar para a sala 9 da primária, onde escrevi pela primeira vez a giz, num quadro preto que contrastava com as batas brancas dos outros putos …curiosas viagens pelo tempo.

O Susto continua a ser a melhor terapia para o soluço...hic...



O ministro teve um problema de hipertensão.
O ministro foi para a urgência do hospital e entrou sem tirar senha, nem lhe ser atribuída nenhuma prioridade. Os utentes do hospital ficaram a ver passar o ministro.
O ministro fez exames poucos minutos depois de ter entrado no hospital, normalmente para a maioria destes exames o cidadão comum demora meses, com alguma força de vontade dos serviços e muito optimismo administrativo.
O ministro está bem disposto, dizia à reportagem, o médico que o assistiu, adiantando que o Sr..ministro só saía quando as tensões se normalizarem. Não devia estar referir-se às do país de certeza…ou então o ministro fixaria gabinete no tal hospital, até final do mandato
O ministro pregou um susto ao país…e o país ficou assustado.
O ministro foi para um quarto do 4º andar, sem marcação prévia.
O ministro está bem, Portugal também…ainda bem.
Eu gosto do Sr. ministro, porque é um homem bom e tem um ministério fácil de ministrar. Tenho a certeza que o problema de hipertensão do Sr. Ministro, aconteceu quando se assustou com as listas de espera da saúde em Portugal… e decidiu imediatamente fazer uma experiência para confirmar o que já sabia.
Se calhar o Sr. Ministro, amanhã, vai dizer no meio de microfones, câmeras de televisão e jornalistas que ele próprio teve que ser internado e nada de anormal constatou…e até foi muito bem atendido, como de resto qualquer utente dos serviços de saúde portugueses.

As suas melhoras Sr. Ministro.
Quando for grande quero ser como o senhor