Páginas

Doce pagão, ou não.



Amarante é assim uma cidade de contrastes e de inúmeras facetas fotográficas devido à luz que varia agradavelmente ao longo do dia. Não deixes de visitar o site da cidade: http://www.cm-amarante.pt.
Teixeira de Pascoaes, Amadeu de Sousa Cardoso, S. Gonçalo são apenas alguns nomes de referência e também 3 personalidades muito diferentes desta cidade minhota.
Numa rua fechada ao trânsito passeio o olhar por vários quadros que atraem o visitante, lojas de artesanato, de doces regionais, e ao primeiro olhar uma loja de santos…na segunda passagem percebi que afinal era uma padaria…e com uns bolos no mínimo originais onde ao lado se podia ler :
“Os doces fálicos presença habitual nas romarias de Amarante estão associados ao culto (pagão) a S. Gonçalo padroeiro do concelho celebrado em Janeiro e Junho de cada ano. Ao Santo, recorde-se, são atribuídos dotes de casamenteiro (há quem o conheça por casamenteiro das velhas) pelo que os doces fálicos constituem um ícone facilmente associável às preces e rituais das solteironas para conseguirem um noivo.”… Tudo isto escrito em 3 línguas para que ninguém ficasse analfabeto perante tal artesanato gastronómico. Ora eu que pensava que “artesanato” deste era apanágio das Caldas, pensei logo que estava perante um acontecimento digno de blog.
Saquei da dita para fotografar o dito, passei por uma coisa que até à data ainda não deu sinais de se desenvolver em mim e sem demora fiz umas 3 ou 4 chapas da “coisa” ou melhor “dos coisos”, perante o sorriso malandro de um transeunte local.
Ora numa cidade onde igrejas não faltam, onde o culto é uma das tradições seculares, doces fálicos meus amigos? Doces fálicos? A religião tem mesmo os seus pecados.
Não sei ao certo qual a idade desta “tradição” mas decerto a procura deve ser grande a julgar pela saída que cada doce destes deve ter, quais artigos de segunda, dos sex shops parisienses ou “amesterdaneses” em borracha ou latex não me admiraria nada que o inventor do “vibromassajador” se tivesse um dia passeado por lá… o verdadeiro e genuíno “artigo” é o português de Amarante. Flexível, resistente, doce ao que parece, descartável e higienicamente seguro, até porque acho que as moscas não transmitem doenças venéreas. Se a moda pega ainda vamos ver doces fálicos de Amarante à venda nos cinco continentes…se calhar ainda me aventuro a registar a patente. Só falta um japonês inventar uma forma de lhe adaptar uma pilha e torná-lo o primeiro doce fálico vibratório comestível. De resto não admira, S. Gonçalo que virilmente posa ao lado dos ditos doces, peregrinou por Roma e Jerusalém. Tenho a certeza que viu por lá muita coisa que o inspirou. Mas isto aqui entre nós que ninguém nos ouve é de certeza um doce conventual…bruxo, imaginem porquê.
Caras leitoras de todas a idades (maiores claro), não deixem de provar este doce regional, porque o que é nacional é bom. E doce, também é cultura.


1 comentários:

Bárbara disse...

Amarante não é cidade minhota, mas sim do Douro Litoral.
O concelho de Amarante pertence ao distrito do Porto.