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Passeio

Hoje passaste de novo por mim sem que te visse.
Senti-te apenas …passar.
É estranho como se pode sentir daquela forma algo que os olhos não vêm… e os sentidos não conseguem testemunhar.
Mas sei que passaste.
Sei, porque o ôdor não me engana…nunca enganou…obediente, submisso, atento e estúpidamente presente mesmo quando fica calado, apenas a tentar segredar-me baixinho e delicadamente o que sabe e me interessa ouvir. Em todas as outras vezes
fica calado e nem a respiração lhe ouço.
Passaste hoje por mim. Sei que passaste.
Não me tocaste no ombro, como de outras vezes, e fugiste antes que me voltasse. Num jogo que por vezes teimas em repetir…só porque sabes que o detesto. Mas sabes jogá-lo tão bem, que um dia, se não mudares as regras nem fizeres batota, o vou aprender para deixares de me provocar assim. Quero ver se o teu passar continua a ser tão próximo e intenso.
Amanhã se voltares…não estarei lá.

1 comentários:

Maria Oliveira disse...

Será que o outro que passa e que toca no ombro é a voz da consciência?
É que o diabinho ou anjinho que vive dentro de cada um, por vezes incomoda! Às vezes é bom trocar-lhe as voltas, para podermos fazer diabruras sem ter a voz da consciência por perto!...

Beijo