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"Estou de passagem"

A ponte torna-me viajante de margens, com as velas do Tejo a roubarem todo o vento. De vidros fechados , deixo o cd de sótão trazer-me aqueles velhos acordes com sabor a 80’s. Relembro “O” concerto…o primeiro… o velho teatro, o som que tanto fumo misturou no princípio de…quase tudo .
O Sol provoca-me um rolar tranquilo, no redescobrir cada esquina. A marginal sorri-me a cada passagem, sempre naquele empenho descomprometido que me traz de volta, obediente à vontade.
Perto do fim, onde a areia, se manifesta ao ritmo do vento numa dança nativa, confundo o asfalto, mar dentro até ao horizonte prateado.
Por ali não há folhas caídas, nem sinais de Outono. O último compasso de silêncio faz-me voltar… Descubro mais uma vez que o prazer maior será sempre o da viagem… O destino voltou a perder.

1 comentários:

Maria Oliveira disse...

Também a marginal é minha passagem, mas raramente a ponte atravesso.
Através da música viajo, para além do tempo, para além de mim!
O Tejo que me acena sistematicamente o lenço branco do adeus...
E não há destino, existe apenas o aqui…

Abraço