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A Lua antes de ti...

Um Resto de onda suava a areia espelhando o ocaso.
As nuvens fugiam para o vermelho roubadas pela brisa
Naquele gesto tão teu de abraçares o casaco de meia estação
Olhavas o longe franzindo o sobrolho no olhar que te sabia de cor
Paravas o tempo como se o mundo fosse… só nosso
No silêncio calmo que a tempestade escreveu

O Céu despiu-se de negro e provou as estrelas
Nua… aguaste no mar tudo o que tinhas
Água rendida morria suave ali tão perto de ti
Luzes brilhavam ao fundo do outro lado do Tejo
A areia guardou na memória os teus pés descalços
Segui-te nos olhos… fiquei a adivinhar-te os passos
Até ao longe mais longe… que de tão longe
A Lua era antes de ti

Hallelujah...(clic para audio)

Hoje tenho Primavera a bater-me à porta e poesia que com o sono festejam em unísono.
Um dia repleto de Sol e nem uma nuvem por perto.
A poesia que se faz ou sente todos os dias. Ser uma das sete artes
fundamentais tem vantagens assim.
E o sono, em jeito de promessa com que Morpheu presenteia, metódica e ciclicamente, outra noite, todos os dias.
E hoje temos…tu e eu… tudo isto num só dia.
Primavera. Vou deixar-te como sempre, entrar pela porta grande de braços abertos para que te sintas, como sempre, em casa.
Poesia. Hoje vou ler-te, em homenagem a outro, como tantos, dos teus dias.
Sono. Mais logo, à noitinha, antes que o teu dia mude, torno-te homenagem especial, num fechar de olhos.




( a ouvir Jeff Buckley – Hallelujah em versão acústica…Obrigado Luz. O tema é de Leonard Choen, álbum de 84, "Various Positions")